Congresso tem 36 vetos presidenciais na fila de votação
Congresso tem 36 vetos
presidenciais na fila de votação
O
Congresso Nacional começa o ano com 36 vetos do presidente
da República, Jair Bolsonaro, pendentes de votação. Para a rejeição de um veto
é necessária a maioria absoluta de votos (ou seja, pelo menos 257 votos de
deputados federais e 41 votos de senadores).
O veto mais recente é o VET 10/2022, que
retirou 14 dispositivos do PL 4.199/2020,
transformado na Lei 14.301, de 2022,
que criou o Programa de Estímulo ao Transporte por Cabotagem (BR do Mar). O
projeto foi aprovado no Senado em
novembro do ano passado.
Esse programa libera, de forma progressiva, o uso de navios estrangeiros
na navegação de cabotagem do Brasil, sem a obrigação de contratar a construção
de embarcações em estaleiros brasileiros. Entre os itens vetados por Bolsonaro estão a recriação do Reporto (benefício tributário ao
setor) e o limite mínimo para a quantidade de trabalhadores brasileiros nas
embarcações.
De acordo com a justificativa apresentada pela Presidência da República,
a recriação do Reporto incorre em vício de inconstitucionalidade e em
contrariedade ao interesse público, pois implicaria renúncia de receitas sem a
“apresentação da estimativa do impacto orçamentário e financeiro e das medidas
compensatórias”. Outro item vetado determinava uma quantidade mínima de
trabalhadores brasileiros nos navios afretados. O dispositivo estabelecia que a
tripulação dessas embarcações deveria ser composta de, no mínimo, 2/3 de
brasileiros.
Adoção
O veto mais antigo de Bolsonaro aguardando votação dos parlamentares é o
VET 14/2021, veto total
ao PLS 379/2012. De
autoria do então senador Antonio Carlos Valadares, o projeto foi aprovado pelo Senado em
2014. O texto altera o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) para prever
tentativas de reinserção familiar da criança ou do adolescente antes da decisão
definitiva de adoção. De acordo com o projeto, a adoção só deve ser concretizada
depois de esgotados os recursos de manutenção da criança ou adolescente na
família natural ou extensa e "as tentativas de reinserção”.
Na mensagem de veto,
Bolsonaro afirma que, embora meritória, a tentativa de reinserção da criança ou
do adolescente na família biológica poderia aumentar o prazo para a adoção. “As
tentativas de reinserção familiar da criança ou do adolescente podem se tornar
intermináveis, revitimizando os adotandos a cada tentativa de retorno à família
de origem, a qual pode comprometer as chances de serem adotados em definitivo”,
justifica Bolsonaro.
Saúde
Outro item que deve ser votado em breve pelo Congresso é o veto total (VET 41/2021) ao projeto
que trata do acesso a tratamentos antineoplásicos domiciliares de uso oral por
usuários de planos de saúde (PL 6.330/2019). Do
senador Reguffe (Podemos-DF), o projeto poderia beneficiar mais de 50 mil
pacientes com tratamento em casa, sem necessidade de internação hospitalar.
Segundo a mensagem de veto encaminhada ao Congresso, o projeto
“comprometeria a sustentabilidade do mercado”, “criaria discrepâncias” e “privilegiaria
pacientes acometidos por doenças oncológicas que requeiram a utilização de
antineoplásicos orais”. Ainda de acordo com o Executivo, “o alto custo dos
antineoplásicos orais” poderia comprometer a “sustentabilidade do mercado de
planos privados de assistência à saúde”.
Senadores e deputados também terão de apreciar o veto total (VET 33/2021) ao
projeto, do senador Paulo Paim (PT-RS), que prevê a inclusão do lúpus e da
epilepsia na lista de doenças com benefícios da Previdência Social (PLS 293/2009).
Outro projeto de Paim, o PL 12/2021, foi vetado
parcialmente por Bolsonaro (VET 48/2021) e
transformado na Lei 14.200, de 2021.
Foram cinco dispositivos vetados pelo presidente Bolsonaro. Os dispositivos
vetados determinam a quebra temporária de patentes de vacinas e insumos em períodos de emergência ou estado
de calamidade pública.
Também na pauta está o veto à distribuição gratuita de absorventes
higiênicos para estudantes dos ensinos fundamental e médio, mulheres em
situação de vulnerabilidade e mulheres detidas (VET 59/2021).
Controverso, esse veto refere-se ao PL 4.968/2019, da deputada federal Marília Arraes (PT-PE), transformado
na Lei 14.214, de 2021. Os defensores da derrubada do veto ressaltam a gravidade
do problema da chamada
"pobreza menstrual", a falta de
acesso a absorventes, considerados itens básicos de higiene.
Eletrobras
Também está na pauta de votações do Congresso o veto parcial (VET 36/2021) ao projeto
de lei de conversão que modificou a MP de privatização da Eletrobras (MP 1.031/2021),
transformada na Lei 14.182, de 2021.
Bolsonaro vetou diversos artigos, como a possibilidade de empregados demitidos
após a privatização adquirirem ações da empresa com desconto. Para ele, vendas
de ações dessa forma tipificam conduta ilegal de distorção de práticas de
mercado.
Também foi vetada a permissão para que funcionários demitidos da
Eletrobras até um ano após a privatização sejam realocados em outras empresas
públicas. Nesse caso, Bolsonaro alegou que práticas desse tipo violam a
Constituição em relação ao acesso a emprego público por concurso.
Economia
Outra pendência é o veto total (VET 8/2022) ao PLP 46/2021, de autoria
do senador Jorginho Mello (PL-SC). O projeto institui um programa de
renegociação de dívidas para micros e pequenas empresas. Na mensagem de veto, o
governo alega vício de inconstitucionalidade e contrariedade ao interesse
público, pois o benefício fiscal implicaria em renúncia de receita, violando a
Lei de Responsabilidade Fiscal.
Batizado com a sigla Relp, o Programa de Reescalonamento do Pagamento de
Débitos no Âmbito do Simples Nacional concederia descontos sobre juros, multas
e encargos proporcionalmente à queda de faturamento em plena pandemia de
covid-19, no período de março a dezembro de 2020, em comparação com o período
de março a dezembro de 2019. Empresas inativas no período também poderiam
participar.
O VET 7/2022 também
aguarda votação. Ele atingiu o PL 3.819/2020, do
senador Marcos Rogério (DEM-RO), transformado na Lei 14.298, de 2022,
que tornou mais rigorosos os critérios para transporte rodoviário de
passageiros. A lei trata apenas de autorizações, por meio das quais o poder
público transfere por delegação a execução de um serviço público para
terceiros, sem que haja necessidade de licitação, como no caso das permissões.
A norma não fixa limite para o número de autorizações.
O presidente Bolsonaro vetou dispositivo que cancelaria a cobrança anual
de R$ 1,8 mil como taxa de fiscalização da prestação de serviços e de
exploração de infraestrutura para cada unidade de ônibus registrado pela
empresa detentora de autorização ou de permissão outorgada pela ANTT. Em
justificativa, Bolsonaro alega que o dispositivo incorre em vício de
inconstitucionalidade e contraria o interesse público por representar impacto
fiscal negativo.
Têm que ser votados pelo Congresso, ainda, o veto que atingiu o programa
emergencial de retomada do setor de eventos durante a crise sanitária da
covid-19 (VET 19/2021) e o veto
ao marco legal das startups, com benefícios tributários para investidor pessoa
física e condições facilitadas para o acesso de companhias de menor porte ao
mercado de capitais (VET 25/2021). Há,
também, o VET 2/2022, sobre propaganda partidária gratuita; e o VET 1/2022, sobre a criação da Procuradoria Regional da República da 6ª Região.
Outros vetos pendentes de votação |
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Alteração nas regras de adoção para prever tentativas de reinserção
familiar da criança ou do adolescente |
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Inclusão do lúpus e da epilepsia na lista de doenças que estariam
dispensadas do prazo de carência para concessão dos benefícios de
auxílio-doença e aposentadoria por invalidez, concedidos pelo INSS |
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Projeto que obriga os planos de saúde a cobrirem os gastos de clientes
com medicamentos de uso domiciliar e oral contra o câncer |
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Tornar crime a disseminação de notícias falsas capazes de comprometer
a higidez do processo eleitoral |
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Gestão de cargos do Executivo |
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Mudanças no quantitativo de candidaturas |
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Alterações da Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2021 |
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Mudanças nas cobranças de IPI dos municípios |
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Projeto que dá o nome do ex-presidente João Goulart à BR-153 |
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Alterações no Fundo Garantidor de Infraestrutura |
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Política Nacional de Dados e Informações relacionadas à Violência
contra as Mulheres |
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Estatuto da Pessoa com Câncer |
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Incentivos à indústria da reciclagem |
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Imunidade tributária de entidades beneficentes |
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Marco legal das ferrovias |
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Crédito suplementar em favor do Serpro, Dataprev dentre outros |
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Alteração na Lei do Fundeb |
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Programas Auxílio Brasil e Alimenta Brasil |
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Anistia infrações e anula multas por atraso na entrega da Guia de
Recolhimento do FGTS |
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Alteração no limite de proteção de margens de rios e lagos em área
urbana |
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Isenção de IPI na compra de carro por pessoa com deficiência e taxista |
Agência Senado (Reprodução autorizada mediante
citação da Agência Senado)
Fonte:
Agência Senado
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